sábado, 25 de agosto de 2012

Curiosidades

Superviga Protendida

Para não interferir em patrimônio tombado, edifício vence vão de 44,4 m com viga protendida.



    Em plena avenida Brigadeiro Faria Lima, em São Paulo, um terreno de 20 mil m² mantém uma casa bandeirista, tombada em 1982 pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (Condephaat) e que preserva o estilo de vida dos primeiros paulistas. A área da casa, 10 m de raio a partir dos limites da construção, inscreve uma área de 2 mil m² que não poderia ser tocada. Como conciliar isso com um moderno edifício comercial de grandes lajes?
    O Brookfield Malzoni, projeto do arquiteto Marc Rubin, vence 44,4 m de vão entre dois blocos, abarcando o imóvel histórico que precisava ser preservado. Acima do vão, sobem 12 andares no chamado bloco de transição, que liga as duas extremidades.
    "De qualquer forma seria necessário vencer o vão", conta o arquiteto. "Poderíamos ter abaixado a laje central, mas, deliberadamente, resolvemos aumentar a altura para dar a proporção que o vão tem hoje, valorizando esteticamente o conjunto e criando uma ligação visual no eixo da Faria Lima com a casa", explica.
    Foram feitas quatro vigas com 700 m³ de concreto cada, sustentadas por oito pilares com 30 m de altura acima do nível do solo para os 12 andares de edificação.
    No projeto, foram estudadas diversas soluções. Uma das possibilidades seria a execução de vigas metálicas. Por questões logísticas, a solução foi inviabilizada, pois seria necessário interditar quatro faixas da avenida Brigadeiro Faria Lima por 21 dias para o lançamento das vigas - isso no melhor cronograma, sem imprevistos. A estrutura também ficaria mais pesada e mais cara. Outra opção teria sido o escoramento metálico com treliças presas nos pilares, também descartada por problemas de montagem. No final, a opção que se mostrou viável foi o escoramento desde o sexto subsolo até a altura do nono pavimento (em relação ao solo), ou seja, 20 m abaixo do solo e 30 m acima.


Uma das vigas do bloco de transição se encontrava sobre terreno tombado, e não era permitido montar o escoramento sobre esta área. A solução foi fazer um escoramento ao lado e deixar a viga em balanço

Como executar uma superviga

    Seguramente, o maior desafio e grande destaque desta obra foram as vigas e pilares para vencer o vão de 44,4 m de comprimento e 30 m de altura. São quatro vigas em "T" de 6 m de altura, com 700 m³ de concreto cada, e oito pilares com 1,5 m de largura, bastante esbeltos. As vigas têm concreto de 50 MPa, e o resto da obra, incluindo os pilares, têm fck 40 MPa. As duas vigas mais extremas têm 6 m de largura no banzo superior e 2 m na parte inferior, acompanhadas por pilares com 1,5 m x 2 m, e as duas vigas centrais, que recebem mais carga, têm 5,5 m de largura no banzo superior e 2,5 m na parte inferior, sobre pilares de 1,5 m x 2,5 m.
    Sob o eixo de cada dupla de pilares (que suportam cada uma das vigas) foi feita uma fundação, como um radier, para sustentar a carga de 700 m³ de concreto. "Quando chegasse a carga do escoramento durante a concretagem, ela se dissiparia no terreno, e não seria pontual", explica Gustavo Fonseca. Se entre um pilar e outro há 10 m de distância, a largura desse radier chegou a 7,5 m.
A grande quantidade de ferragens na armação praticamente obrigou o uso do concreto autoadensável

    Os pilares vieram desde o subsolo, executados junto aos andares de garagem. A partir do térreo, eles começaram a ser executados sempre 5 m à frente do pavimento-tipo, para dar mais tempo para sua armação, em fôrma trepante. "No terceiro pavimento-tipo, o pilar já estava no quinto, para termos mais tempo para armar e também por interferência dos blocos: a junta de dilatação tem somente 2 cm, e estando o pilar à frente pudemos fazer o contorno da fôrma em volta do pilar, desenformar e passar para cima", explica Fonseca.
A complexidade da execução da viga foi outro motivo que levou à execução de pilares solteiros: "A execução de fôrma, armação e concretagem da viga é muito mais demorada que de uma laje. Subimos o pilar primeiro e escoramos a viga sem esperar a laje, senão, acabaríamos o prédio e não as vigas", afirma Meneghin. Todas as vigas têm escoramento até o solo, com exceção da primeira, mais próxima à casa bandeirista. O escoramento estaria na projeção do terreno tombado. Foi feito, então, todo um escoramento ao lado, dentro do terreno permitido, e lançadas treliças para suportar a fôrma desta viga, que ficou em balanço. "Foi feito um escoramento para tirar o balanço dessa viga e diminuir o momento durante a concretagem. Havia treliças de 2,50 m de altura na parte superior", conta Fonseca.


     A primeira viga a ser concretada foi a viga 3, depois a viga 2. "Quando concretamos a viga 2, deixamos 46 tirantes Dywidag na viga para execução da viga 1. Para concretar a viga 1, era uma obrigação ter concretado e protendido a viga 2", descreve Fonseca.
Para a concretagem, foram usadas fôrmas de alumínio. Cada viga recebeu todo o concreto de uma só vez, em um processo que durava cerca de 36 horas para cada uma. Foi usado concreto autoadensável com gelo, o que limitou a capacidade dos caminhões-betoneira a 6 m³, num total de 110 caminhões por viga.
    "Duas bombas tinham suas tubulações derivadas em quatro pontos, de forma simétrica, bombeando por igual", descreve Fonseca. "Como o concreto era autoadensável, quem passou a limitante de tempo foi a própria fornecedora da fôrma, por causa do empuxo horizontal que o concreto exercia. Se o descarregamento fosse muito rápido, poderia estourar a fôrma", explica. Mesmo tratando-se de concreto autoadensável, nos primeiros 2 m de altura o concreto era vibrado, para garantir a homogeneidade. Nos últimos 4 m, já não era necessário. "Como o concreto não precisava ser vibrado, a equipe era bem reduzida", conta Fonseca. Havia uma equipe diurna e outra noturna, que alternavam os turnos em um trabalho contínuo. As duas vigas centrais receberam 24 bainhas de 24 cordoalhas para protensão, enquanto as mais externas receberam 18 bainhas de 24 cordoalhas. "Diminui a seção da viga e diminui até a carga de protensão", diz Fonseca. Foram usadas cordoalhas aderentes, com bainha metálica de seis polegadas.
    Todas as quatro vigas foram protendidas em três fases: com sete dias de concretagem, depois com a concretagem da laje do 13º pavimento (quatro andares a mais), depois com a concretagem do 19º, sendo um terço de carga em cada protensão. Meneghin lembra que "só podíamos fazer a protensão mediante consulta com o controle tecnológico do concreto. Atingindo a resistência, podese protender".
    No dia seguinte à protensão de cada viga já se podia retirar todo o escoramento, ou seja, um terço da protensão das vigas dava condições para ela resistir ao peso próprio. "Se hoje se faz um reescoramento por 20 dias, aqui ficamos na base dos dez dias, por causa da protensão das vigas. Era muito rápido, o que foi uma vantagem de execução", afirma Fonseca.
    "O momento de cálculo nas vigas principais é de 60 mil tfm", conta Mario Franco, projetista estrutural. Depois de concretadas as vigas de 44,4 m, foram feitas vigas de travamento, ortogonais a elas, com 2,50 m de altura.




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Os 10 Prédios Mais Inclinados do Planeta

Seja por erros de cálculo, problemas no solo ou simples devaneios arquitetônicos, alguns  rédios ganham inclinações que confundem o olhar e, de um jeito bastante divertido, modificam a paisagem urbana, tornando-se invariavelmente pontos turísticos certeiros. Surpreenda-se, na seleção abaixo, com 10 das torres mais oblíquas do planeta.

Casa Dançante, Praga, República Tcheca


O renomado escritor Vaclav Havel bancou a ideia do arquiteto croata Vlado Milunić, feita com a colaboração de Frank Gehry, de colocar um prédio torto no coração de Praga. O intelectual, e então presidente, vislumbrava um centro cultural na torre, cuja arquitetura é inspirada na dupla de dançarinos e atores Fred Astaire e Ginger Rogers. Mas a bela construção funciona, hoje, como um prédio comercial.

Hotel Bella Sky, Copenhague, Dinamarca


Desenhadas pelo escritório do 3XN Architects, as torres têm funções diferentes, mas complementares: uma é hotel e, a outra, centro de convenções. Já os triângulos na fachada servem não só para criar um efeito visual bacana e psicodélico, mas também para minimizar o calor interno e, ainda, ajudar na eficiência energética do prédio.

Neuer Zollhof, Düsseldorf, Alemanha


Projeto do starchitect Frank Ghery, o complexo é formado por três prédios distintos, mas igualmente retorcidos, e compõe o plano de recuperação do porto da cidade alemã. O do meio é forrado de placas de aço que ajudam a enfatizar os seus nobres e inseparáveis vizinhos brancos revestidos de alvenaria.

Orla de Santos, São Paulo, Brasil


Os famosos edifícios da orla têm quase tantas curvas quanto a estrada de Santos. Cerca de 65 prédios, segundo dados de 2012 da prefeitura, estão com inclinações graves entre 0,5 m e 1,8 m. As camadas nada firmes de areia e argila do solo, somadas à pressão exercida pelo excesso de construções, entortaram as construções à beira-mar.

Museu Polaria, Tromsø, Noruega


Na entrada do Ártico, os blocos de gelo começam a se desprender do chão e cair uns sobre os outros como dominó. O alerta para esta reação em cadeia climática integra a fachada e o projeto arquitetônico do aquário localizado na cidade do litoral norueguês.

Edifício Strandkanten, Tromsø, Noruega


Parte do projeto de recuperação da cidade, o prédio residencial parece pronto para dar um mergulho no lago. Mérito da notável inclinação do projeto, e também da beleza dos fiordes escandinavos.

Puerta de Europa, Madri, Espanha


Cerca de 15 graus de inclinação fazem as torres gêmeas, de 114 m de altura, ficarem ainda mais próximas na avenida de Madrid. Com autoria de Philip Johnson, o projeto pós-moderno feito de vigas de metal, linhas vermelhas e vidros escuros reforça a monumentalidade da capital espanhola.

Torre de Nevyansk, Rússia


Ninguém sabe quando, por quê ou quem construiu esta torre na cidade russa. A lenda mais famosa diz que sua inclinação fica na direção de Tula, cidade natal de um rico industrial que a encomendou.

Torre de Pisa, Itália


Quando três dos oitos andares do campanário estavam prontos, ele começou a pender para um dos lados. Os engenheiros italianos, então, passaram a fazer pavimentos maiores para compensar visualmente a inclinação, o que agravou ainda mais o problema. E criaram o mais famoso edifício inclinado do planeta.

Torre de Suurhusen, Alemanha


A fundação de carvalho da igreja foi preservada, por cerca de 500 anos, graças à água subterrânea do terreno pantanoso. Quando o solo foi drenado, no século 19, os troncos da base apodreceram e a construção medieval começou a pender para um de seus lados.

Um comentário:

  1. Oie Isaac, Ta muito bom o blog.
    Da uma olhada neste video do National Geographic Megastructures The Leaning Tower Of Abu Dhabi http://www.youtube.com/watch?v=LIbq3yy_mas eh bem legal!!!!
    Parabéns!!!

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